Decepção foi o sentimento com o qual a Comissão Executiva dos Empregados da CAIXA (CEE/Caixa), que assessora o Comando Nacional dos Bancários, saiu da segunda rodada de negociação específica da Campanha Nacional Unificada 2016 com o banco. A mesa foi realizada nesta quarta-feira, 24, em São Paulo, e a presidenta do Sindicato, Eliana Brasil, esteve presente como representante da Fetrafi-MG/CUT.
Os trabalhadores criticaram a intransigência da CAIXA e cobraram que as negociações sejam tratadas com seriedade. As entidades representativas reforçam também que as conquistas históricas dos empregados são fruto da luta e da mobilização nacional.
O primeiro ponto em debate, nesta quarta-feira, foi saúde do trabalhador e condições de trabalho. Os empregados reivindicam o custeio integral, pela CAIXA, do tratamento das doenças do trabalho, inclusive para os empregados aposentados por invalidez por acidente de trabalho. Isto inclui terapias alternativas, medicamentos, tratamentos psicológicos e psiquiátricos em situação de assédio moral e outros tipos de violência organizacional, e traumas pós-assalto/sequestro, extensivo aos dependentes incluindo deslocamento.
Os representantes dos empregados cobraram também a realização de pesquisa e mapeamento do perfil do bancário da CAIXA, a criação de uma política de saúde mental e a abertura obrigatória de CAT em caso de assalto, assim como o combate ao assédio moral e todas as formas de violência organizacional.
A CAIXA afirmou que já custeia o tratamento e admitiu que desrespeita a norma das CAT, por não ser aberta no período de 24 horas e sim depois de avaliado por médico ou psicólogo. O banco ainda negou a criação de uma política de saúde mental com participação dos trabalhadores e afirmou que faz o combate ao assédio moral.
Os trabalhadores então lembraram do caso da Centralizadora Nacional de Habitação, onde os empregados continuam sofrendo assédio. Para piorar, a “remodelagem” – nome dado pelo banco – começou no dia 12 de agosto no local, que conta com 125 empregados, dos quais 37 foram realocados. Os trabalhadores tiveram redução salarial sem as garantias de reestruturação.
A presidenta do Sindicato, Eliana Brasil, destacou o grave descaso do banco com os trabalhadores, a exemplo dos supervisores de retaguarda. “Cobramos com veemência que a CAIXA valorize seus empregados, que sempre se dedicaram e se qualificaram para exercer suas funções. Sempre estaremos em luta para exigir que bancárias e bancários sejam tratados com respeito”, afirmou.
GDP
O fim do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) foi outro destaque da negociação. A categoria pede o fim do GDP com revogação de todos os efeitos das ondas anteriores e fim da imposição das metas, com adoção dos parâmetros definidos.
A CAIXA afirmou que o programa é voltado apenas a cargos de gerência, com o objetivo de desenvolvimento e planejamento de carreiras. Afirmou, ainda, que o programa vai continuar apenas com o público atual no próximo ciclo (6 meses).
Saúde Caixa
Pelo segundo ano consecutivo, a CAIXA descumpre a utilização do superávit anual para melhorias no plano, que está previsto em ACT. Os representantes do banco alegam que a questão ainda não foi aprovada pelo Conselho Diretor, o que é avaliado pelos trabalhadores como uma provocação ao movimento sindical, já que o tema é discutido há anos no grupo de trabalho sobre saúde.
O banco também não deu retorno quanto às reivindicações de segregação operacional contábil e financeira dos seus recursos, com a criação de um fundo que os remunere, com auditagem externa, por empresa avalizada pelos conselheiros de usuários eleitos e pela CEE/Caixa e a transformação do caráter do conselho de usuários em deliberativo.
Funcef
A categoria reivindica a quitação do contencioso da CAIXA com a Funcef, relacionado às ações que tenham origem em descumprimento de direitos trabalhistas, bem como ao aporte de recursos referentes ao serviço passado em condenações e a manutenção do Fundo para Revisão de Benefícios, artigo 115 do regulamento do REG/ Replan saldado, e artigo 91 do novo Plano, como instrumento permanente da política de aumentos reais para os benefícios.
A CAIXA tinha assumido, desde o ano passado, o compromisso de montar um grupo tripartite junto à Funcef, o que não foi concretizado pelo banco.
Aposentados
Para os aposentados, a categoria pede a criação de programa de renegociação de dívidas pela CAIXA, que permita a junção de valores devidos à CAIXA e à Funcef, em até 120 meses, com a menor taxa de juros praticadas pela CAIXA.
Os empregados também cobram a criação de grupo de trabalho para análise de processos judiciais propostos por empregados, aposentados e pensionistas, com objetos idênticos e reiteradas decisões jurídicas favoráveis aos autores.
O banco informou apenas que oferece programação de educação financeira e condições especiais para linha de crédito com as menores taxas.
Infraestrutura das unidades
Outra reivindicação é a alteração do RH184, com a extinção do caixa minuto, avaliador minuto e tesoureiro minuto. O banco confirmou a extinção da função de caixa, retirado do Plano de Funções Gratificadas.
Os bancários apresentaram ainda o desejo da garantia de participação dos empregados nas unidades de estrutura física e de pessoal. Mais uma vez, a CAIXA deu um retorno evasivo, ao dizer que faz estudos sobre a questão, sem citar a participação dos trabalhadores.
Segurança bancária
Os empregados da CAIXA reivindicam que o banco assuma a responsabilidade pelas perdas e danos decorrentes de problemas de segurança, incluindo a não responsabilização civil dos empregados em caso de fraudes ou golpes de terceiros contra a CAIXA. Os trabalhadores cobram ainda o aperfeiçoamento da crítica nos sistemas e aplicativos, impedindo operações em desacordo com os manuais normativos, protegendo empregados em casos de fraude.
A CAIXA alegou que tem um processo de apuração interno. Os bancários lembraram, então, que, com a mudança no regulamento há dois anos, existe a possibilidade de demissão do empregado antes que seja apreciado o seu retorno de última instância e isso tem de ser alterado.
Terceirização
Os empregados reivindicaram o fim da terceirização na CAIXA. O banco respondeu que respeita um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Os representantes dos trabalhadores lembraram que a CAIXA sofreu, inclusive, investigação do Ministério Público de Minas Gerais pela terceirização da atividade fim.
Caixa 100% pública
Quanto ao não fatiamento da CAIXA e a manutenção de todas as participações acionárias que a empresa detém atualmente, os representantes do banco se mostraram favoráveis à reivindicação.
Os trabalhadores lembraram, porém, que os movimentos que se observa não vão neste sentido, como a possibilidade de venda da loteria, cartões e da seguradora. Além disso, alertaram para o risco da saída do FGTS da gestão da CAIXA, como pleiteiam os bancos privados.
Outros pontos em discussão
A CAIXA não apresentou nada em relação ao fim das horas extras negativas. Sobre a realização da Universidade Caixa, a orientação do banco é de que a negociação seja feita com cada gestor.
Outa novidade da negociação desta quarta-feira é a de que está garantida a função do supervisor de retaguarda nas Girets e centralizadoras, assim como a possibilidade de incorporação da função.
Organização do movimento
O último ponto tratado foi a cobrança de que liberação dos delegados sindicais e representantes de entidades sindicais e associativas para participarem de reuniões, cursos, seminários, congressos e plenárias onde seja necessária a sua presença, seja feita de forma centralizada pelo banco.
A CAIXA afirmou que a questão deve continuar como está e que os sindicatos que tiverem problema devem procurar a Gerencia Nacional de Negociação e Relacionamentos com os Empregados (GENER).
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT