História
O início da década foi marcado pela pandemia do coronavírus, que paralisou o mundo e exigiu grandes esforços para proteger a saúde e a vida da população, assim como manter a organização dos trabalhadores. Em 2020, bancárias e bancários de BH e região elegeram Ramon Peres como presidente do Sindicato, em uma eleição totalmente virtual devido à necessidade de isolamento e distanciamento.
O Sindicato, juntamente com o Comando Nacional dos Bancários, negociou com os bancos, desde o começo da pandemia, para garantir protocolos de segurança e medidas sanitárias, como o envio de mais de 250 mil bancários para o trabalho em home office e o fornecimento de equipamentos de proteção. O ano foi marcado ainda pela incessante mobilização em defesa do emprego e dos bancos públicos.
Neste cenário, também foi preciso pensar em novas ferramentas de participação e mobilização, com o uso intensificado das redes sociais, de transmissões ao vivo e novas plataformas online para a realização de assembleias, congressos e conferências.
Na Campanha Nacional de 2020, a categoria sofreu duros ataques e ameaças de retirada de direitos. Foram longas e intensas negociações. Mesmo assim, a distância não limitou a força das bancárias e dos bancários, que conseguiram manter todas as conquistas da CCT e ainda garantiram cláusulas de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica. O acordo de dois anos assegurou reajuste salarial e abono de R$ 2.000 reais para 2020, assim como reajuste das demais verbas pela inflação. Para 2021, foi garantida a reposição da inflação mais 0,5% de aumento real nos salários e verbas.
No novo cenário da pandemia, o Sindicato também buscou formas de se modernizar e oferecer mais facilidades e benefícios para a categoria bancária. Em 2021, a entidade lançou um novo site, assim como um aplicativo de celular, um novo clube de benefícios para os associados (Mundo de Vantagens) e o processo de sindicalização digital.
Em 2023, Ramon Peres foi reeleito junto à diretoria que comandará o Sindicato no período 2023/2027.
Novos desafios para a categoria bancária
Em 2010, Dilma Rousseff é eleita a primeira presidenta do Brasil. O censo demográfico do IBGE revela que o país possui 190.755.799 habitantes. O Brasil se projeta internacionalmente como uma das maiores economias do mundo. A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 aumentam os investimentos no país. O setor financeiro brasileiro é um dos que mais lucra no mundo às custas do trabalhador bancário que a cada ano intensifica a mobilização para pressionar os bancos a atenderem as suas reivindicações. A categoria conquista reajuste de 16,33% nos pisos, o que significa aumento real de 11,54%, reajuste salarial de 7,5% (aumento real de 3,08%) para quem ganha até R$ 5.250,00 que engloba 85% da categoria e em todas as verbas salariais, incremento da PLR e inclusão na Convenção Coletiva, pela primeira vez, de mecanismos para combater o assédio moral no trabalho. Conquista também PLR social na CAIXA, com 4% do lucro distribuído linearmente entre os empregados.
Em maio de 2011, o bancário da CAIXA Clotário Cardoso é reeleito presidente do Sindicato. Na campanha salarial os bancários conquistaram reajuste salarial de 9%, PLR de 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.400,00, o que significa um reajuste de 27,2%, 12% de reajuste do piso (aumento real de 4,30%), além da proibição da divulgação de ranking individuais dos funcionários e proibição de transporte de numerários por bancários.
Já em 2012, após uma intensa e forte Campanha Nacional, a categoria conquista reajuste de 7,5% nos salários e 8,5% nos pisos, assim como reajuste de 10% na parte fixa da PLR. Naquele ano, foi conquistada ainda a realização de um novo Censo da Diversidade com a categoria, para verificar a situação dos trabalhadores na perspectiva da igualdade de oportunidades.
Firme na luta, o Sindicato dos Bancários de BH e Região sempre manteve seu protagonismo nacional em defesa da categoria e da classe trabalhadora. Em 2013, bancárias e bancários conquistaram mais uma vez aumento real, com reajuste de 8% nos salários e 8,5% nos pisos. Outras importantes conquistas foram o abono-assiduidade, o vale cultura e a proibição do envio de torpedos por parte de gestores para a cobrança de metas. Naquele ano, teve início também uma importante campanha nacional, com grande participação do Sindicato, em combate ao projeto de lei que abre possibilidade para a terceirização sem limites.
Em 2014, a categoria bancária da base de BH e região elegeu uma mulher para a presidência do Sindicato, Eliana Brasil. Bancária da CAIXA desde 1989, Eliana esteve à frente da luta e das negociações com os bancos durante a Campanha Nacional daquele ano. A categoria conquistou reajuste de 8,5% nos salários e 9% nos pisos.
A luta em defesa dos bancos públicos ganhou força, em 2015, diante da possibilidade de abertura do capital da CAIXA. A mobilização nacional, com protagonismo do Sindicato, foi vitoriosa e assegurou que o governo Dilma Rousseff negasse a possibilidade da abertura. Na Campanha Nacional, diante de um cenário de crise, a categoria mostrou sua força e rejeitou propostas rebaixadas dos bancos, que sequer cobriam a inflação. Com muita luta, os trabalhadores asseguraram reajuste de 10% nos salários e pisos, além de 14% nos vales refeição, alimentação e na 13ª cesta.
O ano de 2016 foi marcado pela resistência nas ruas diante dos ataques aos direitos dos trabalhadores e pela forte greve de 31 dias promovida pela categoria bancária. Em um cenário político e econômico de ameaças, mesmo com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e o governo neoliberal e privatista de Michel Temer, bancárias e bancários asseguraram um acordo de dois anos.
Para 2016, a categoria conquistou reajuste de 8% nos salários e PLR, 15% no vale-alimentação e 10% no vale refeição e auxílio creche/babá, além de um abono de R$ 3.500 e a ampliação da licença-paternidade para 20 dias. Para 2017, foi garantido reajuste com reposição da inflação mais aumento real de 1% nos salários e nas verbas.
Já em 2017, Eliana Brasil foi reeleita para a presidência do Sindicato. O ano foi marcado pela luta contra as perversas reformas trabalhista e da Previdência, pela defesa dos direitos, dos empregos, dos bancos públicos e dos fundos de pensão. A luta nacional levou a duas greves gerais que mobilizaram milhões de brasileiras e brasileiros.
Em 2018, mesmo no cenário continuamente conturbado do país, a categoria bancária garantiu seus direitos por mais dois anos, com reajuste de 5% (aumento real de 1,31%) e conquista do parcelamento do adiantamento de férias em até três vezes e de um novo Censo da Diversidade. Para o ano de 2019, foi assegurada reposição total da inflação mais aumento real de 1% sobre salários e verbas.
No final de 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República com um programa de ataques à organização dos trabalhadores, aos movimentos sociais e às empresas e bancos públicos. Com muita resistência e unidade, bancárias e bancários mantiveram a mobilização na defesa do patrimônio público e dos direitos conquistados
Um novo Sindicato para um novo milênio
A região metropolitana de BH chega aos anos 2000 como a terceira mais influente do país, e a sétima da América Latina. É nesta Belo Horizonte que o Sindicato atua, saindo às ruas em defesa dos direitos da categoria. Ao ser eleita, ainda em 1999, a chapa encabeçada por Fernando Neiva sabia do desafio que a esperava. O segundo governo de FHC radicalizava a sua política neoliberal de recessão, privatização e ataques aos movimentos sindicais.
Em 2000, foi lançada a cartilha sobre Igualdade de Oportunidades, que fazia parte da campanha salarial 2000/2001. O ano termina com a conquista de indenização em caso de demissão. Em 2001, o Sindicato volta às ruas com a campanha contra a tentativa do governo FHC de flexibilizar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Em 2002, o operário Luis Inácio Lula da Silva assume a presidência da república e inaugura um novo momento histórico para o Brasil. Também neste ano, foi reeleita a Chapa da CUT liderada por Fernando Neiva O ano de 2004 marca retomada das grande mobilizações que garante aumento real em todas as campanhas salariais. Em 2005, Fernando Neiva é reeleito presidente do Sindicato.
Em 2006, o Presidente Lula é reeleito. Neste mesmo ano, após muita luta, a categoria conquistou uma nova cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho – a Parcela Adicional à PLR. Outra importante vitória: a CEF e o BB assinaram a Convenção Coletiva. É criada a Contraf – CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). Durante a Campanha Salarial de 2007, a categoria conquistou aumento real e a 13ª cesta-alimentação, incorporada à Convenção Coletiva.
Em 2008, houve novas eleições e a chapa da CUT encabeçada por Clotário Cardoso assume a diretoria do Sindicato. A campanha salarial de 2008 conquista novo modelo de PLR com 90% do salário mais valor fixo e os funcionários do BB conquista o Plano Odontológico sem ônus A década se encerra com mais conquistas, além aumento real de salário, os bancários conquistam o adicional de PLR com 2% do lucro líquido distribuído de forma linear a todos os trabalhadores, com teto de R$ 2.100.
Sindicato enfrenta o neoliberalismo
A cidade ganha novos marcos culturais com a criação do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural. Enquanto isso, no Sindicato, novas eleições são realizadas e mais uma vez a chapa da CUT sai vitoriosa. Em 1990, foi eleita a bancária Marília Campos, primeira mulher na história do Sindicato a assumir o comando. Nesse período, o governo Collor promove a abertura e reestruturação da economia inspirado no neoliberalismo. Privatizações, demissões e a terceirização são colocadas em curso. A inflação, por sua vez, corrói cada vez mais os ganhos do trabalhador.
Em 1991 o Sindicato sai em defesa de uma nova pauta de reivindicações. A greve uniu, além dos bancários, trabalhadores de outros setores, como os metalúrgicos e petroleiros. O poder público queria enfraquecer os bancos estatais para acelerar o processo de privatização. As demissões em massa enfraqueceram o movimento, mas mesmo assim, a atuação do Sindicato conseguiu vitórias, como a conquista do vale-alimentação.
Em 1992, foram conquistados a proteção do salário contra a inflação, reajuste de até 45% e a primeira convenção nacional da categoria. O Sindicato apoiou o processo de impeachment do presidente Collor que renunciou em 2 de outubro de 1992. O mineiro Itamar Franco assume o poder. A nova configuração da participação política faz com que seja rompida a filiação dos bancários de Belo Horizonte com a Contec. Assim, foi efetivada a filiação à Confederação Nacional dos Bancários (CNB), criada em 1992, que passaria a representar a absoluta maioria dos sindicatos do país.
Em 1993, Marília Campos é reeleita. Em 94, Fernando Henrique Cardoso assume a presidência do Brasil e radicaliza a política neoliberal. FHC congela o salário do funcionalismo público federal e aprofunda o desmantelamento do Estado. O Sindicato inicia a reação contra a privatização do Bemge e do Credireal, patrocinada pelo governo Eduardo Azeredo, e procura ampliar a sua política de intervenção na cidade através de eventos culturais. Acontece a primeira edição do Carnaval Sem AIDS. Nasce o Sindicato Cidadão, uma proposta de atuação que extrapola as reivindicações econômicas da categoria. Em 1996, novas eleições e a CUT continua à frente do Sindicato. O presidente eleito foi Pompílio de Lourdes Canavez. Em 1998, são aprovadas as leis: Lei Municipal dos 15 minutos (Lei 7617/1998) e a Lei Estadual de Segurança Bancária (Lei 12971/98).
Nasce a Oposição Bancária
Belo Horizonte crescia. Em 1981, é iniciada a construção do metrô de superfície, em 1982, foi criado o Parque das Mangabeiras e o Mineirinho e, no ano seguinte, o Ribeirão Arrudas começa a ser canalizado. Para o Sindicato, também chegava um tempo de mudanças e reajustes. A ânsia do Sindicato para novamente se tornar um agente político ativo ganhava espaço.
Assim, o assistencialismo foi dando lugar à verdadeira vocação do Sindicato: ser um ator de peso dentro da política. Em 1982, uma nova campanha salarial foi deflagrada. Os trabalhadores exigiam e conquistaram jornada de seis horas para funcionários da CAIXA, auxílio alimentação e transporte. A luta estava apenas começando. No ano seguinte, o Sindicato conquista reajuste salarial de seis em seis meses, seguro para casos de assaltos com morte ou invalidez, auxílio creche e estabilidade para as gestantes até 60 dias após o término da licença. Em 1983, nascia a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a mais importante central sindical do país.
A década que começou com conquistas, trouxe decepção em meados de 1984. Os acordos firmados até então não foram cumpridos pelos bancos. Os bancários retomam uma luta ainda maior que culminou em uma importante greve em 1985. A paralisação começou no dia 11 de setembro com, uma grande passeata que encheu as ruas centrais da cidade. Dias depois, foi assinado um acordo aprovado em assembleia.
A greve de 1985 revelou novos atores dentro do Sindicato. Criou-se uma cisão na diretoria, separando os que queriam o confronto aberto e os conservadores. Na próxima eleição sindical, em 1987, os membros dessa nova geração montaram a chapa Oposição Bancária e foram eleitos sob o comando de Marcelo Nunes D´Agostini. Ainda em 1987, o Sindicato filia-se a CUT. Em 1988, mais lutas e reivindicações, agora com o apoio da CUT, no mesmo ano da Nova Constituição. A categoria conquista o auxílio para filhos com deficiência e, no ano seguinte, acontece a primeira eleição direta pós ditadura. Fernando Collor assume o comando do país.
A luta faz a diferença
Em 1972 o Sindicato adere ao INPS – Instituto Nacional de Previdência Social. O convênio garantiu recursos para atender os sindicalizados, como a construção de uma clínica médica exclusiva e o programa de financiamento da casa própria para a categoria.
Ainda neste ano, Hermélio Soares Campos assume a diretoria e promove uma reforma administrativa para recuperar o fôlego operacional do até então apagado Sindicato. A campanha salarial de 1973 é um marco pela retomada dos ânimos e a posição de confronto.
Em 1974, vários sindicatos do país adotam a iniciativa de se propor uma pauta de reivindicações conjunta. A partir de 1975, começa o período de “abertura lenta, gradual e segura”, em que o Regime Militar inicia sua retirada do cenário político nacional, que demoraria ainda 10 anos para se tornar completa.
A campanha salarial de 1975 expôs nacionalmente a insatisfação dos trabalhadores, quando o então presidente do Sindicato, Arlindo José Ramos, depõe na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisava irregularidades na política salarial do país. Em junho de 1978, o Sindicato inicia a campanha salarial que resultaria na primeira greve pós-ditadura. E, em 1979, a greve dos metalúrgicos do ABC paulista inspirou outras categorias. A proposta de criação de um fundo para garantir o sustento dos que estivessem em luta e dos que fossem demitidos, foi uma das heranças desta greve incorporadas pelo novo Sindicato, rejuvenescido e ávido pela luta a favor daqueles que representava. Sob o comando de Arlindo José Ramos, em julho de 1979, a minuta de reivindicações foi aprovada, com a proposta de reajuste de 50%. Os bancários rejeitaram a contraproposta dos banqueiros e iniciaram a greve. Nos dias 16 e 17 de agosto, ocorreu a primeira paralisação que marcaria definitivamente a volta da postura combativa do Sindicato.
Resistência à ditadura militar
A década de 1960 começa com a renúncia do presidente Jânio Quadros e o início do governo João Goulart. Em 1961, os bancários conquistam o fim do trabalho aos sábados, mostrando a força da união da categoria em todo país. No ano seguinte, a conquista do 13º salário e o piso salarial mínimo para os bancários renova o espírito de luta.
Em 2 de junho de 1963, uma nova diretoria assume a liderança do Sindicato sob o comando de Antônio de Faria Lopes, a última diretoria eleita antes do golpe. Neste mesmo ano, a campanha salarial começou em agosto e logo o Ministério do Trabalho ordena a suspensão da greve. Para desmoralizar a categoria, os banqueiros optam por permanecer a paralisação. Diante do impasse, o governo interveio e propôs a realização de uma mesa redonda. Esse movimento era um anúncio do dia 31 de março de 1964: o golpe militar.
A ditadura trouxe anos difíceis para o Sindicato dos Bancários. A começar pela violação da liberdade, quando uma junta governativa foi indicada pelos militares para ocupar a entidade. Na intervenção, muito da memória do Sindicato se perdeu. Fotos, documentos e registros foram destruídos pelos militares. A junta foi substituída em 1965. Uma nova diretoria foi eleita em um pleito restrito.
Em setembro de 1967, a luta aberta foi deflagrada. Aquele era o momento ideal para expressar uma resistência sólida contra os militares e suas políticas públicas. Nem a tortura, tampouco a morte foram suficientes para calar o sentimento sindical. A atuação do Sindicato passa a investir mais no assistencialismo aos filiados do que numa participação política ativa, mesmo porque a única voz que se fazia ouvir no Brasil daqueles tempos era a dos quartéis.
A importância da unidade nacional
Ainda em 1949, durante a intervenção do governo, o Sindicato sai da defensiva e organiza uma campanha salarial forte. A greve foi deflagrada em agosto de 1951 e, após 26 dias de paralisações, foi declarada ilegal pelo Ministério do Trabalho, deixando a categoria refém dos bancos. Apesar de não ter alcançado vitórias em relação às cláusulas econômicas, a greve foi vitoriosa sob o ponto de vista político, sendo um marco para o renascimento. A campanha cumpriu o seu papel ao denunciar a situação salarial da categoria, além de desgastar a junta interventora, contestando a sua legitimidade.
A partir desse movimento, nasce no Sindicato uma nova composição de forças internas, resultado da aliança entre comunistas e católicos que, apesar dos conflitos, levou a categoria a alcançar importantes vitórias. A união do espírito de luta e de revolta dos comunistas com o senso de resistência dos católicos foi decisiva para os novos rumos do Sindicato.
A capital dobra de tamanho, passando de 350 mil para 700 mil habitantes Neste contexto, ainda em 1951, o Sindicato adquire a sua sede própria, fruto do esforço da categoria e diretoria, que arrecadaram através de uma grande rifa de um carro Stud Boker, sonho de consumo de muitos, a quantia suficiente para a compra do prédio onde até hoje funciona o Sindicato.
No plano da luta sindical mais ampla, em 1955, João Alves Vieira assume a diretoria e o Sindicato reforça a importância da unidade nacional da categoria, que fazia dos bancários uma das categorias mais combativas do país.
A afirmação na luta
Na década de 1940, Belo Horizonte começa a respirar modernidade. Administrada pelo prefeito Juscelino Kubitschek, a capital cresce com a chegada de várias indústrias – atraídas pela criação do Parque Industrial, em 1941. A década também ativa a força do Sindicato na defesa dos direitos do trabalhador bancário, mais precisamente a partir de 1945.
A posse da diretoria, tendo à frente o comunista Armando Ziller, dá início a um período marcado por grandes campanhas salariais e engajamento do Sindicato no cenário político nacional. A atuação dos comunistas à frente do movimento sindical bancário da capital mineira marca um período histórico da entidade, expresso principalmente na primeira greve comandada pelo Sindicato, em 1946. O Sindicato promoveu debates sobre a política salarial e a criação da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB).
Em 1946 começa o movimento que acabaria resultando na primeira greve deflagrada pelos bancários de Belo Horizonte. Até então a participação dos bancários mineiros em paralisações anteriores havia sido puxada pelo sindicato do Rio de Janeiro ou por São Paulo. No dia 21 de janeiro os bancários de Belo Horizonte são convocados para participarem da “passeata monstro”, que aconteceu simultaneamente em todo o país. Logo em seguida o Sindicato deflagra a greve. O movimento durou 19 dias e contou com o apoio e a solidariedade da população belo-horizontina e de várias outras categorias profissionais da cidade. A greve de 1946 marcou o tom da nova política adotada pelo Sindicato, buscando a unidade nacional como fator fundamental para o fortalecimento da categoria. Essa nova postura contrariou os interesses do governo, que passa a perder o controle dos sindicatos.
Dutra em 1947, quando a entidade foi controlada por uma junta governativa nomeada pelo Ministério do Trabalho. A intervenção foi um duro golpe para o Sindicato, que viu as suas principais lideranças serem perseguidas, principalmente as comunistas.
Nasce um sindicato com personalidade
Época de grandes e profundas transformações políticas no Brasil, inclusive para a jovem capital mineira. Belo Horizonte, que já nasceu moderna, engatinhava os primeiros passos para a grande metrópole que é hoje. Após o Golpe do Estado, em 1930, a cidade passava por uma expansão comercial e bancária e os trabalhadores começaram a se organizar dentro dos moldes sindicais instituídos em 1931.
Até então, os bancários eram considerados comerciantes e eram representados pela União dos Trabalhadores do Comércio. Com a ampliação do número de bancos, a categoria cresceu e começa a organizar suas próprias reivindicações. Em 17 de setembro de 1932, um grupo de bancários se reuniu para fundar a Associação Mineira de Bancários, o embrião do atual Sindicato dos Bancários de BH e Região.
A criação definitiva da entidade se deu um mês depois, no dia 27 de outubro de 1932, com a eleição da diretoria provisória. O sentimento que dominava os bancários pioneiros era de união e esta mesma união perpetua por toda a história.
E, assim, foi criado o Sindicato dos Bancários de BH e Região que com poucos dias de vida já se afirmava como uma instituição de força política nacional. Ainda em 1932, mesmo ano em que a carteira profissional foi instituída e o trabalho feminino regulamentado, a entidade manifestou seu apoio aos sindicatos do RJ e SP a favor da jornada de seis horas. Em 1933, a jornada passou a ter seis horas para a maioria dos bancos e esta foi a primeira e importante vitória do jovem Sindicato.
Os bancários de Belo Horizonte tornaram-se históricos e ativos participantes de debates em torno de questões fundamentais como horas extras, salário, cultura do trabalhador, políticas econômicas e sociais, defesa do patrimônio público brasileiro e muitas outras. O Sindicato já nascia com personalidade, marcando sua presença junto à categoria em nível nacional e afirmando sua posição diante do Estado com originalidade e firmeza.