Diante das consequências nefastas da implantação do ciclo de Gestão do Desempenho de Pessoas (GDP) a partir de 2014, o Sindicato tem reagido contra a forma unilateral como o programa vem sendo implantado. Na Campanha Nacional 2015, ficou acertada a suspensão do programa, já que a direção da CAIXA sempre se recusou a revogá-lo. Até então, o GDP tinha sido mantido apenas para os cargos de gestão.
No entanto, amparado pela política de desmonte instituída pelo governo Temer, o programa foi ressuscitado, em 2017, e está sendo ampliado para todos os cargos comissionados e funções gratificadas, incluindo operadores de caixa. A medida está prevista na recente versão do normativo RH 205, publicada em meados de julho deste ano.
Em matéria publicada neste site, no dia 30 de agosto, o Sindicato rechaçou com veemência essa medida autoritária e unilateral do banco e apontou para a necessidade de fortalecer ainda mais a resistência contra essa medida e outras que atacam direitos conquistados dos trabalhadores.
No texto abaixo, o empregado da CAIXA e diretor do Sindicato Fernando Arantes apresenta o seu ponto de vista sobre o GDP, com críticas sobre a forma pouco transparente e unilateral com que a medida está sendo implementada.
Leia:
Respeitando e entendendo as posições e argumentos apresentados e por ocasião das circunstâncias em que me colocam, não posso ser breve.
Todas as pessoas com quem já pude trabalhar na Caixa desde o primeiro dia em que fui colocado praticamente sozinho no atendimento mais pesado da agência Betânia podem testemunhar o meu compromisso com a empresa, com a eficiência e resultados para a empresa e para o povo brasileiro que tanto admira e precisa do nosso trabalho.
Portanto, tenho a consciência absolutamente tranquila e posso falar de desempenho com altivez.
Entretanto, não posso concordar com os objetivos e nem com o conceito da GDP simplesmente por não saber, de fato, quais são. E também pela evidente unilateralidade e subjetividade do processo que prescindiu de estabelecer um diálogo real com os empregados e suas entidades representativas que apontam ser claramente contrárias às medidas.
Não fomos ouvidos. Não temos sido. Infelizmente estamos mudos. Muitos por medo.
Além disto:
Acredito que o trabalho e seus resultados são fenômenos coletivos, assim não concordo com propostas que envolvam “acordos” individuais de resultado. Acordos estes que deveriam ser chamados pelo nome: metas.
Insisto: Não estão claros os objetivos do método e dizer apenas que traz consequências é muito pouco para quem é esclarecido sobre as condições em que muitas vezes temos sido tratados ultimamente, ou seja, mero custo a ser mitigado.
Dizer que são práticas comuns dos bancos nem de longe ajuda a justificar tais práticas na minha visão, uma vez que acredito que temos um papel diferente de um banco comum. O que houve com o “Mais que um banco”?
E mais, acredito firmemente que quanto mais parecermos com um banco privado, menos justificável será permanecermos públicos, portanto são práticas que atentam contra a sustentabilidade da centenária Caixa.
Se não me sinto seguro quanto às boas intenções alegadas, não acho que houve debate adequado e nem mesmo estão claras as consequências da adesão quanto mais da não adesão, não posso aderir.
Reafirmo meu compromisso com a empresa e com os resultados da mesma, também com a defesa dos direitos dos empregados e da sociedade que precisa da Caixa. Direitos pelos quais luto agora e lutarei.
Peço enfim que todos nós busquemos reestabelecer o caminho do diálogo verdadeiro para que possamos construir uma empresa cada vez maior, melhor e mais transparente em suas relações internas e externas. Onde se encontre não só números grandiosos, mas também alegria e orgulho de ser parte deste patrimônio brasileiro.
Não é bom caminho o apego às nossas condições, obrigações ou papéis custe o que custar. Vale para mim e para todos nós. Afinal vamos passar, importa ao Brasil que a Caixa permaneça!
Atenciosamente,
Fernando Arantes
Caixa AG. Santo Antônio
Diretor do Sindicato dos Bancários de BH e Região.