Sobrecarga e investimento em TI farão parte das negociações com a CAIXA
25/06/2024
Caixa Econômica Federal
A CAIXA, uma das maiores instituições financeiras do país, vem passando por um processo significativo de redução de postos de trabalho nos últimos anos. Um levantamento realizado pelo Dieese aponta que, do fechamento de 2014 até o final de março de 2024, foram 14.690 postos de trabalho a menos, uma redução de 14,5%. Neste mesmo período, o número total de contas na CAIXA saltou de 84,9 milhões para 233,3 milhões, crescimento de quase 175%.
“Quando você junta estes dois dados (redução do quadro de pessoal e o aumento do número de contas) com a reclamação dos empregados sobre as falhas de sistema da CAIXA, fica fácil perceber que há uma enorme sobrecarga de trabalho e entender o motivo do aumento do adoecimento das empregadas e empregados”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da CAIXA, Rafael de Castro.
“Com menos pessoas para atender este estrondoso aumento da demanda, e ainda sem a necessária melhoria na infraestrutura, não há saúde que resista”, completou Eliana Brasil, diretora do Sindicato e da Contraf-CUT. Eliana lembrou que a redução do quadro de pessoal seria ainda maior se não fosse a atuação do movimento sindical, "que lutou pela contratação de pessoas com deficiência, para que fosse cumprido o que determina a lei de inclusão, assim como pela extensão da validade do concurso de 2014, que permitiu a contratação de mais aprovados", ressaltou.
Prejuízo aos clientes
A redução do quadro de pessoal e a falta de investimentos em tecnologia causam sérios prejuízos à qualidade do atendimento aos clientes da CAIXA que, em grande parte, fazem parte da população mais carente. “Não é raro vermos notícias na imprensa sobre as enormes filas e agências da CAIXA lotadas. Isso compromete a capacidade do banco de cumprir seu papel social, principalmente com relação ao pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família e o seguro-desemprego, mas também em algo que a CAIXA é fundamental, que é o financiamento habitacional”, disse o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Reivindicações
Os próximos meses serão decisivos para a solução destes problemas. A categoria bancária já iniciou o processo de negociações para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e também o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) com a CAIXA. Veja as principais reivindicações:
- Criação de uma carreira de TI para segurar talentos
- Renovação imediata do parque tecnológico
- Fornecimento de recursos de acessibilidade
- Aumentar a quantidade e diversidade de tecnologias assistivas disponibilizadas pela CAIXA
- Apoio financeiro para aquisição de tecnologia assistivas por empregados PcD que trabalhem de forma remota
- Melhoria das estruturas das agências
- Fim da designação de função por minuto, com retorno da designação exclusivamente de forma efetiva;
- Incorporação de função gratificada exercida por mais de 10 anos
- Registro de horário de trabalho por todos os empregados, com efetivo pagamento de horas-extras
- Redução da jornada para cinco horas diárias, cumpridas em quatro dias por semana, sem redução dos salários
- Fim da cobrança abusiva de metas e do assédio moral e sexual
- Estabelecimento de critérios objetivos de promoção por mérito
- Avaliação por múltiplas fontes nos programas de desempenho, considerando as metas sociais
- Reformulação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) com a participação dos empregados, de forma que seja possível verificar as reais condições de saúde e de trabalho dos empregados
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT