Para movimento sindical bancário, Campos Neto no Nubank é conflito de interesses

07/05/2025

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Para movimento sindical bancário, Campos Neto no Nubank é conflito de interesses

O movimento sindical bancário aponta conflito de interesses na nomeação do ex-presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, para o cargo de chefe global de Políticas Públicas e vice-presidente do Conselho de Administração (posição recém-criada) do Nubank.

Campos Neto esteve à frente do BC, entidade definidora das políticas monetária e de regulação do sistema financeiro nacional, de 2019 até 2024. Neste período, o número de empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros (as chamadas fintechs) saltou de 1 para 258. Apesar de as fintechs terem sido regulamentadas em 2018, foi a partir da posse de Campos Neto que ocorreu um forte impulsionamento da atuação dessas empresas operando no sistema financeiro nacional, mesmo diante de inúmeras preocupações levantadas no setor sobre as diferenças regulatórias entre os bancos tradicionais e as fintechs. 

Campos Neto tomará posse dos cargos na holding Nubank em 1º de julho, quando estará liberado da regra de "quarentena" estabelecida legalmente para evitar conflito de interesses, válida para ex-diretores e ex-presidentes do BC que desejam assumir cargos ou estabelecer vínculos profissionais com instituições financeiras. Porém, o tom das notícias que percorrem em diversos canais de comunicação é de choque de interesses. "O conflito está claro: enquanto esteve no BC, Campos Neto produziu medidas e até fez discursos que beneficiaram diretamente as fintechs e agora vai trabalhar em uma delas", destacou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT.

“O movimento sindical bancário já indicou conflito de interesses, em outra questão: na política monetária de forte alta da taxa básica de juros (a Selic), durante o seu mandato à frente do Banco Central. Campos Neto tem uma investigação aberta no Conselho de Ética da Presidência da República porque possui quatro empresas em paraísos fiscais com investimentos em títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, portanto, que se beneficiam com a especulação da Selic”, observa Juvandia Moreira.

“Estamos avaliando as medidas cabíveis de denúncias, em órgãos competentes, incluindo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Também defendemos o fim da porta giratória dos dirigentes do Banco Central. Sair do banco para ir trabalhar no setor financeiro é no mínimo imoral e antiético. Campos Neto simplesmente passa a assumir posição em uma das fintechs que mais cresceram no país, nos últimos anos, e que hoje tem ativos bilionários e que a coloca em pé de igualdade com bancos tradicionais, mas que, entretanto, não é responsabilizada socialmente e economicamente da mesma forma que os bancos tradicionais, contribuindo para a insegurança de todo o sistema financeiro nacional”, concluiu a dirigente.


Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

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