Operação que revelou relação entre fintechs e PCC confirma alertas do movimento sindical bancário

01/09/2025

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Operação que revelou relação entre fintechs e PCC confirma alertas do movimento sindical bancário

A megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), envolvendo fintechs, deflagrada no dia 28 de agosto, expôs uma fragilidade de regulamentação do Sistema Financeiro Nacional (SFN) que a Confederação Nacional dos Ramo Financeiro (Contraf-CUT) já vinha alertando desde o ano passado.

"Nosso alerta começou quando percebemos que, nos últimos anos, foi ocorrendo um forte deslocamento do emprego no setor financeiro: os bancos reduziram vagas, enquanto empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros (as chamadas fintechs) aumentaram as contratações, porém sem as mesmas coberturas de diretos que a categoria bancária possui. Ou seja, estávamos diante de um processo de precarização do emprego no setor financeiro”, conta Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT. "Mas, não paramos por aí. Verificamos também que a rápida expansão de fintechs no setor era resultado de uma regulamentação muito frágil do Banco Central (BC), e que, além permitir a precarização de empregos, facilitava a sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, por meio dessas fintechs, contribuindo para o crime organizado", completou a dirigente, que também é vice-presidenta da CUT Nacional.

Em 2024, a porta-voz da Contraf-CUT fez parte de uma comitiva que entregou ao Ministério da Fazenda uma proposta para a regulamentação das fintechs. “Na ocasião, destacamos que o cenário de crescimento exponencial de fintechs, operando fora das mesmas regras que os bancos estão submetidos, desestimulava o crescimento do emprego decente, e que se essas empresas atuavam como bancos tinham que estar submetidas às mesmas regras trabalhistas, fiscais e de segurança que os bancos”, destacou.

“Sob o argumento de aumentar a concorrência no setor financeiro e, assim, reduzir as taxas de juros e aumentar a oferta de crédito, o BC criou instruções para facilitar a atuação das fintechs. Com isso, de 2016 para 2024, o número dessas empresas de tecnologia, regulamentadas pela entidade, passou de 1 para 258”, destacou economista e técnico do Dieese, Gustavo Cavarzan, durante a audiência. “Essa regulamentação permissiva do BC foi bem-sucedida apenas para impulsionar esses novos atores no setor financeiro, mas não em reduzir as taxas de juros do sistema em benefício da população”, completou. Hoje, em 2025, são 308 o número de fintechs regulamentadas pelo BC.

Fake news da taxação do pix

Em matéria publicada em fevereiro deste ano, a Contraf-CUT também havia destacado a possível colaboração de Nikolas Ferreira com o crime organizado. Em janeiro, o deputado federal do PL havia propagado a fake news de que uma instrução normativa da Receita Federal para aumentar o monitoramento das fintechs obrigaria a população a pagar taxas sobre as transações via pix. Por causa do impacto negativo provocado pela notícia falsa, o governo federal decidiu revogar a norma. Já no dia 29 de agosto, a Receita Federal publicou uma nova instrução normativa, com os mesmos objetivos e sem qualquer previsão de taxar o Pix.

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

 

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