Greve das 6 horas transformou a CAIXA e garantiu direitos aos empregados

Greve das 6 horas transformou a CAIXA e garantiu direitos aos empregados

Em 30 de outubro de 1985, há 40 anos, os empregados da CAIXA protagonizaram uma das maiores mobilizações trabalhistas da história do Brasil. Conhecida como a Greve das 6 horas, a paralisação marcou o primeiro movimento nacional dos trabalhadores da CAIXA, simbolizando não apenas uma luta por direitos, mas também um ato de resistência em meio à transição do país da ditadura militar para a democracia.

Para celebrar o marco, a Fenae promove, nesta quinta-feira, 30, um evento em Brasília. A atividade reúne empregados da ativa e aposentados da CAIXA, além de dirigentes sindicais e associativos. Minas Gerais é representada pelo presidente do Sindicato, Ramon Peres, pelo diretor financeiro da APCEF/MG, Cláudio Rabelo, pela diretora do Sindicato e da Contraf-CUT, Eliana Brasil, pelo presidente da Fetrafi-MG, Carlindo Dias (Abelha), pelo ex-presidente da APCEF/MG, Luiz Octavio Cuiabano, pela presidente da AGECEF BH, Giuliana Pardini, pelo presidente da APCEF/MG, Nery Gomes, e pelo vice-presidente da Fenae, Cardoso.

O início do movimento

O movimento começou a se formar, no início da década de 1980, quando novos concursos e políticas internas criaram desigualdades salariais e insegurança entre os empregados. “As empregadas e empregados da CAIXA ainda não eram reconhecidos como bancários, trabalhavam oito horas diárias e estavam impedidos de se organizar sindicalmente”, lembrou a empregada da CAIXA e diretora do Sindicato e da Contraf-CUT, Eliana Brasil.

O ponto de virada ocorreu durante o 1º Congresso Nacional dos Empregados da CAIXA (Conecef), realizado em 20 de outubro de 1985. Ali, representantes de todo o país deliberaram pela greve nacional de 24 horas, marcada para o dia 30. A adesão foi total (100% de paralisação), um feito histórico que unificou a categoria em torno de dois objetivos centrais: a redução da jornada para 6 horas diárias e o direito à sindicalização.

Nas ruas e no Congresso Nacional

Dias antes da paralisação, em 21 de outubro, milhares de empregados da CAIXA marcharam, em Brasília, gritando palavras de ordem e levando faixas, e entregaram reivindicações ao Congresso Nacional. O ato pressionou o governo, ganhou apoio de parlamentares e entidades trabalhistas e, em tempo recorde, foi aprovada a tramitação do projeto de lei que garantia as 6 horas e o reconhecimento dos empregados da CAIXA como bancários. A lei foi aprovada e, posteriormente, sancionada em 17 de dezembro de 1985, passando a vigorar em 1987.

Os desafios de hoje

Quatro décadas depois, o movimento de 1985 segue como símbolo de unidade e resistência. Entretanto, a categoria enfrenta novos desafios: a manutenção da jornada de 6 horas e a contratação de mais empregados, especialmente quando a CAIXA é chamada a executar políticas públicas e programas sociais do governo federal.

“Precisamos preservar as conquistas de 1985 e relembrar que os direitos só se mantêm com organização e luta”, disse o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Felipe Pacheco. “Constantemente, somos chamados a trabalhar aos sábados para atender a demanda criada pelos programas sociais do governo federal. Não nos recusamos a dar nossa contribuição para que a CAIXA cumpra seu papel social, mas precisamos receber pelo trabalho realizado e termos nosso esforço reconhecido. No entanto, por vezes, o que acontece é a cobrança abusiva de metas de vendas de produtos, descomissionamentos injustificados e a imposição de tarefas e normativos operacionais sem ao menos uma comunicação prévia. Isso não pode acontecer”, completou Felipe.

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

 

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