Setor bancário elimina 8,8 mil vagas em 2025, apesar do avanço do emprego no país

14/11/2025

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Setor bancário elimina 8,8 mil vagas em 2025, apesar do avanço do emprego no país

O mercado de trabalho brasileiro segue apresentando recuperação, em 2025, mas o cenário positivo não se repete no setor bancário. De acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre janeiro e setembro deste ano, o país registrou saldo de +1,7 milhão de empregos formais.

Entretanto, o setor bancário caminha na direção oposta com a eliminação de 8.807 vagas no mesmo período. Somente em setembro, foram 1.866 postos cortados, um dos piores resultados mensais desde o início da série histórica e reflexo, em grande parte, das demissões em massa promovidas pelo Itaú. Desde o início da série histórica do Novo Caged, em janeiro de 2020, o setor bancário acumula perda de 23,8 mil vagas.

Segundo Walcir Previtale, secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, o movimento de reestruturação promovido pelas instituições financeiras vem provocando uma redução contínua do número de agências e da força de trabalho, com impacto direto na qualidade do atendimento e no emprego bancário. Além da redução de pessoal, ocorre uma mudança estrutural nas ocupações bancárias, com concentração das contratações em áreas de tecnologia e inovação, enquanto cargos tradicionais das agências, como gerentes administrativos e de contas, sofrem forte retração.

Demissões que reforçam desigualdades

Outro ponto de preocupação é o impacto desigual das demissões sobre as mulheres. Cerca de 66% dos postos fechados em 2025 eram ocupados por trabalhadoras, o que reforça a desigualdade de gênero no setor, sobretudo diante da predominância masculina nas áreas de tecnologia. A análise por faixa etária aponta crescimento apenas entre trabalhadores com até 29 anos, enquanto há queda significativa nas demais faixas. 

No recorte racial, as estatísticas mostram saldo positivo de 104 vagas para pessoas pretas e queda de 1.357 postos para pardos, além da redução mais expressiva entre brancos (-7.120). O quadro reflete a composição do setor, em que pessoas brancas representam 68,5% dos trabalhadores bancários.

Em relação à remuneração, o salário médio dos admitidos em 2025 foi de R$ 7.743,43, equivalente a 90% do valor médio dos desligados (R$ 8.589,85). Ainda assim, os rendimentos no setor continuam muito superiores à média nacional (R$ 2.286,34). Além disso, a diferença salarial por gênero e raça segue expressiva: mulheres negras recebem, em média, 55% do salário dos homens não negros na admissão e 58% no desligamento. 

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

 

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