Demissão e descaso com trabalhadores mais velhos prejudicam também os bancos

19/08/2025

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Demissão e descaso com trabalhadores mais velhos prejudicam também os bancos

Por Ramon Peres, presidente do Sindicato

A discriminação no mundo do trabalho pode se manifestar de diversas formas cruéis, sendo uma delas o etarismo. O preconceito contra trabalhadores mais velhos, especialmente acima dos 50 anos, é uma realidade presente nos bancos que precisa ser combatida. Num mundo em que a população está envelhecendo, ao mesmo tempo em que a aposentadoria de fato é cada vez mais postergada, é preciso valorizar a experiência dos trabalhadores e garantir oportunidades de evolução, inclusão e treinamento contínuo sobre novas dinâmicas e tecnologias.

De acordo com o IBGE, estima-se que 30% da população brasileira terá mais de 60 anos em 2050. Por isso, é fundamental que o mercado de trabalho se adapte a este novo cenário, promovendo a inclusão da população idosa, que tem muito a contribuir em termos de conhecimento, maturidade e dedicação. 

No entanto, o que temos visto, principalmente nos bancos, é a desvalorização dos profissionais mais velhos. O Sindicato recebe diversas denúncias relacionadas a essa situação, com bancários acima dos 50 anos sendo tratados como se estivessem “desatualizados” ou “velhos demais” para o desempenho de suas funções. Ocorre, também, desrespeito à estabilidade pré-aposentadoria prevista na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Nesses casos, o Sindicato atua firmemente para assegurar que os trabalhadores afetados sejam reintegrados.

O acelerador de startups Marcos Eduardo Ferreira, em entrevista à Veja, destacou que as empresas perdem muito ao desvalorizar a capacidade intelectual dos trabalhadores com mais experiência. Ele explicou que é um erro demitir estes profissionais, que são plenamente capazes de se manter conectados, atualizados e de usar as novas tecnologias.

Já uma matéria publicada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania destaca o termo “mentoria reversa”, que se refere à prática em que profissionais jovens compartilham conhecimento com colegas mais experientes, sobretudo em temas relacionados à tecnologia e inovação. Essa é uma ideia que reforça a importância da troca de saberes e demonstra ser possível construir um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso.

Respeito e empatia devem ser as bases para qualquer gestão saudável e que gere frutos positivos, tanto para os profissionais quanto para a própria produtividade das empresas. Trabalhadoras e trabalhadores mais velhos devem ser incluídos e ter seu potencial valorizado, nunca menosprezado. Etarismo não!

 

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