Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT define prioridades e reforça compromisso com a defesa da vida dos bancários

28/11/2025

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Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT define prioridades e reforça compromisso com a defesa da vida dos bancários

O Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT realizou, na quinta-feira, 27, sua reunião de planejamento com um compromisso central: fortalecer a defesa da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do sistema financeiro, em um cenário marcado por profundas transformações no setor bancário.

Para o secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, o encontro reafirma a responsabilidade histórica do movimento sindical com a vida e o bem-estar dos bancários. “Em um contexto em que a intensificação do trabalho, a pressão por metas, a vigilância digital e o avanço das tecnologias ampliam o adoecimento físico e mental, reafirmamos nossa missão: colocar a vida, a dignidade e os direitos dos bancários no centro da ação sindical. Estamos aqui para enfrentar as causas do sofrimento e também para garantir acolhimento e proteção a quem já foi atingido pelo adoecimento”, destacou.

Adoecimento crescente e desafios estruturais

A categoria bancária vive um nível elevado de adoecimento, com destaque para os transtornos mentais e comportamentais. A principal causa é a gestão por estresse e por medo, praticada por meio de metas abusivas, sistemas de avaliação rígidos e remuneração variável atrelada a resultados. 

Além disso, a intensificação do uso de tecnologias e de ferramentas de inteligência artificial nos controles internos tem amplificado a pressão, a vigilância e o medo entre os trabalhadores. Os bancos, segundo o Coletivo, não têm uma política efetiva de prevenção. Seus serviços médicos permanecem subordinados à lógica da produtividade e não à promoção da saúde. Bancários adoecidos enfrentam dificuldades para acessar tratamento e quando retornam ao trabalho, sofrem discriminação e estigmatização.

Esse cenário impõe ao movimento sindical um duplo desafio:

  •  Enfrentar as causas estruturais do adoecimento;
  •  Garantir proteção, acolhimento e reparação aos trabalhadores atingidos.

Com a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho em 2026, o Coletivo entende que será o momento de buscar avanços concretos nas cláusulas de saúde, consolidando conquistas e introduzindo novos mecanismos efetivos de prevenção, fiscalização e controle social.

Objetivos estratégicos para 2026

A partir das análises e debates, o Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT definiu como metas centrais:

  • Dar visibilidade pública à situação de adoecimento da categoria;
  • Ouvir e dialogar com os bancários, criando espaços permanentes de escuta;
  • Envolver dirigentes e delegados sindicais no enfrentamento ao adoecimento;
  • Cobrar atuação dos órgãos públicos responsáveis por promover e fiscalizar a saúde (MPT, INSS, MS, MT);
  • Negociar mudanças estruturais na gestão de metas dos bancos;
  • Atualizar estudos, protocolos e materiais formativos sobre novas formas de controle e vigilância digital;
  • Manter a pressão contra metas abusivas, assédio moral e sexual;
  • Clausular medidas específicas para coibir a pressão por resultados;
  • Lutar por acolhimento e prevenção efetiva nos bancos e nos planos de saúde;
  • Reforçar a interlocução com o movimento sindical internacional, universidades e instituições públicas.

Prioridades para 2026

1. Defesa da saúde e da vida dos bancários

  • Consolidar a saúde como eixo estratégico da ação sindical, articulada às pautas de emprego, remuneração e condições de trabalho.
  • Garantir o cumprimento integral das cláusulas de saúde da CCT.
  • Fortalecer espaços bipartites e tripartites de negociação.
  • Ampliar o acompanhamento dos casos de adoecimento físico e mental relacionados ao trabalho, com foco na prevenção e na reabilitação.

2. Enfrentamento ao assédio e às metas abusivas

  • Intensificar denúncias e negociações sobre metas inalcançáveis, gestão por pressão e assédio algorítmico.
  • Promover campanhas nacionais permanentes de combate ao assédio moral.
  • Elaborar protocolos e materiais formativos sobre novas formas de controle e vigilância digital.
  • Aprofundar o debate sobre riscos psicolaborais.

3. Regulamentação da tecnologia e da inteligência artificial

  • Exigir transparência e participação sindical nos processos de digitalização e automação.
  • Lutar por cláusulas específicas que protejam saúde e empregos diante da introdução de tecnologias e sistemas algorítmicos.
  • Promover debates e formações sobre o impacto psicossocial das tecnologias digitais na categoria.

4. Produção e sistematização de dados

  • Implementar um banco de dados nacional sobre afastamentos, readaptações e causas de adoecimento no setor.
  • Promover estudos em parceria com universidades, Dieese e entidades públicas.
  • Utilizar essas informações para qualificar a negociação coletiva e a incidência política.

5. Defesa do SUS e das políticas públicas de saúde

  • Reafirmar a saúde como direito universal e dever do Estado.
  • Combater a privatização e a financeirização da saúde.
  • Atuar junto à CUT e às frentes nacionais em defesa do SUS e da Política de Saúde do Trabalhador.
  • Denunciar práticas patronais que transferem os custos do adoecimento para o sistema público.

A reunião reforçou que a defesa da saúde dos bancários seguirá como prioridade estratégica da Contraf-CUT em 2026. Para Mauro Salles, o momento exige firmeza, organização e unidade. “Estamos diante de um modelo de gestão que adoece e descarta. Nosso papel é resistir, denunciar e construir alternativas que garantam dignidade, proteção e vida. Nada é mais urgente.”


Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

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