Pela quarta vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu manter a taxa básica de juros do Brasil (Selic) em 15% ao ano. O anúncio, feito no início da noite desta quarta-feira, 10, não surpreendeu, porque a manutenção do índice neste patamar já era prevista pelo mercado brasileiro e em comunicados anteriores da própria entidade.
Mesmo sob protestos de movimentos sociais, ao longo de 2025, o Copom realizou sucessivos aumentos até a taxa Selic alcançar o maior patamar desde julho de 2006, com prejuízos à economia, custo de vida das famílias e às contas públicas. “São decisões que ignoram as necessidades da população e do setor produtivo, mantendo os brasileiros entre os mais penalizados, no mundo, por juros elevados”, destacou a presidenta da Contraf-CUT e vice-presidenta da CUT, Juvandia Moreira.
Inflação controlada desmonta argumento do Banco Central
O discurso do Banco Central de que os juros altos seriam necessários para controlar a inflação também não se sustenta nos dados. Registros do IPCA, principal medidor de inflação do país, divulgado periodicamente pelo IBGE, apontam que o aumento de preços de bens e serviços seguem sob controle, desde 2023.
O resultado mais recente, publicado em dezembro, mostra que o índice ficou em 0,18% em novembro, acumulando alta de 3,92% no ano. Nos últimos 12 meses, a inflação ficou em 4,46%, portanto dentro do intervalo de tolerância (de até 4,5%) definido para o país pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do qual o Banco Central faz parte.
“Ainda assim, apesar de registrar os menores níveis de inflação dos últimos 20 anos, o país mantém a maior taxa real de juros do mundo, o que traz consequências negativas para toda a economia. E nós já estamos sentindo. Por exemplo, o PIB, que no primeiro trimestre deste ano cresceu 1,4% (em comparação ao trimestre anterior), no terceiro trimestre de 2025 apresentou crescimento de 0,1%, em comparação ao período imediatamente anterior. Essa desaceleração observa-se na queda de investimentos e consumo das famílias (principal motor da economia do país) e no mercado de trabalho que manteve bom desempenho até pouco tempo, mas começa a dar sinais de desaceleração: o saldo de empregos formais registrado em outubro foi 35% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado”, observa o doutor em Desenvolvimento Econômico e economista do Dieese, Gustavo Cavarzan.
Para o secretário Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, essa "pena de morte" imposta ao Brasil, deve ser combatida pela sociedade. "Quando decide, por meio do Copom, manter uma taxa básica de juros tão alta, o Banco Central boicota os esforços diários do governo federal, trabalhadores e setores produtivos para o país crescer”, ressaltou. “E como nós, dos movimentos sociais e centrais sindicais, temos alertado, reiteradamente, precisamos de um Banco Central em favor do povo brasileiro e não inimigo do país e à serviço do rentismo”, concluiu.
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT