Seminário debate riscos psicossociais no trabalho e impactos das novas tecnologias

22/10/2025

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Seminário debate riscos psicossociais no trabalho e impactos das novas tecnologias

Riscos psicossociais no trabalho e impactos das novas tecnologias foram os temas debatidos na terceira mesa do Seminário de Saúde da Fetrafi-MG. A mesa teve início com uma explicação de Odete Reis, auditora-fiscal no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sobre o conceito de saúde, que abrange diferentes fatores incluindo renda, trabalho, emprego e meio ambiente.

Neste sentido, os riscos psicossociais têm origem nas condições de trabalho e se manifestam não apenas em nível mental, mas também físico e social. Odete demonstrou que houve rápido crescimento, no Brasil, dos registros de afastados por transtornos mentais relacionados ao trabalho. Em 2024, por exemplo, foram 472 mil afastamentos ligados à saúde mental.

Sobre atualizações na Norma Regulamentadora (NR) 1, que entrarão em vigor em 2026, a auditora-fiscal explicou que, agora, o texto explicita os fatores de riscos psicossociais entre os agentes que devem ser considerados no gerenciamento de riscos ocupacionais.

Odete também apresentou, ainda, a “Cartilha Amarela” elaborada pelo MTE, que aborda a prevenção e o combate ao assédio, outras formas de violências e suicídio relacionados ao trabalho. Veja a publicação na íntegra aqui.

Trabalho como causa do adoecimento

Carlos Carrusca, psicólogo clínico em Saúde Mental Relacionada ao Trabalho, também abordou a epidemia de adoecimento e citou dados alarmantes, como o cálculo de que, no Brasil, 29,7 milhões de dias de vida saudável e de atividade produtiva foram perdidos, entre 2012 e 2024, por problemas de saúde mental relacionados ao trabalho.

“Temos uma crise do trabalho, do capital. Vivemos em um campo de guerra, com neuroses traumáticas em tempos de paz”, denunciou o psicólogo, destacando que há descaso nas instituições bancárias em relação ao cuidado com os trabalhadores.

Entre exemplos de riscos psicossociais no trabalho, Carlos citou a sobrecarga, a discriminação, falta de autonomia, assédio e violência, falta de reconhecimento e isolamento. O palestrante destacou que estes problemas devem ser combatidos com foco na organização do trabalho e na gestão, e não no indivíduo ou em sua falta de capacidade de resistir às pressões.

Impactos das mudanças tecnológicas

Ramon Peres, presidente do Sindicato, iniciou sua apresentação com uma crítica às práticas de gestão dos bancos, assim como aos cursos de gestão, que têm uma abordagem puramente focada na maximização dos lucros por meio do corte nos custos. Desta forma, trabalhadores são vistos como descartáveis.

O presidente do Sindicato refletiu sobre a Inteligência Artificial (IA) e seus potenciais benefícios para bancárias e bancários. “Não pretendo trazer uma fórmula mágica ou solução, mas automatizar as tarefas repetitivas pode ser bom para a categoria? Ela pode trazer ganhos, como a diminuição de problemas com LER/Dort e do estresse em realizar estas tarefas cotidianamente. Com isso, bancários poderão se concentrar em serviços mais estratégicos e personalizados”, exemplificou.

Por outro lado, Ramon ressaltou que há importantes impactos negativos, como o fim de determinadas funções, fechamento de agências, aumento das pressões e do monitoramento, medo das demissões e a desumanização do trabalho.

O dirigente apresentou, ainda, ideias para um plano de ação do movimento sindical, com a ampliação da representação das entidades para outros trabalhadores do ramo financeiro; a formação de dirigentes sobre o tema; parcerias com universidades e outras instituições para desenvolver políticas inclusivas e éticas em relação à IA; regulação do uso da inteligência artificial; assim como defender políticas públicas que assegurem que os trabalhadores, e não apenas as empresas, se beneficiem dos avanços tecnológicos.

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