Lucros bilionários dos bancos em 2022 expõem abismo socioeconômico do país
05/06/2023
Notícias
Privilegiados pelo sistema econômico brasileiro, mesmo em um cenário de crescimento restrito, os cinco maiores bancos do país obtiveram um lucro líquido, em 2022, de cerca de R$ 106,7 bilhões. É o que mostra o estudo “Desempenho dos bancos 2022”, elaborado pelo Dieese e publicado esta semana.
O estudo, conduzido pela economista Vivian Machado, da subseção do Dieese na Contraf-CUT, aponta que o montante acumulado pelos bancos se deu em cenário de manutenção da Selic, definida pelo Banco Central, em 13,75%. Com juros mais altos, contas a pagar ficam mais altas, o que dificulta o crescimento da economia, ou seja, “de um lado os bancos acumulam altos lucros, um aumento de 9,25% em relação a 2021, e de outro há um crescimento do endividamento das famílias”, afirma a economista.
Números do endividamento
A parcela de famílias brasileiras com dívidas (em atraso ou não) chegou a 78,3% em abril deste ano, superior aos 77,7% de abril de 2022. As famílias inadimplentes de todas as classes sociais chegam ao índice de 29,1% e aqueles que não terão condição de pagar suas dívidas somaram 11,6%. Do total de consumidores endividados, 86,8% têm dívidas no cartão de crédito e 9% com crédito pessoal. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a qual divulgou a pesquisa, este quadro de endividamento tende a aumentar nos próximos meses.
A roda da economia
Vivian Machado explica que os bancos ganham em diversas frentes, como as operações de crédito, títulos de valores mobiliários e com os recursos que têm parados no Banco Central e rendendo juros. “É um dinheiro que sai do bolso dos clientes e do governo, já que os bancos têm 30% dos títulos da dívida pública, e que poderia estar circulando na economia, no bolso do trabalhador, comprando mais, com indústria produzindo mais, gerando mais empregos, mais arrecadação, mais investimentos públicos”, afirma a economista.
Empregos
Enquanto bancos aumentam seus lucros, o emprego no sistema financeiro sofre uma transformação prejudicial aos trabalhadores. O que se tem visto é uma substituição de agências por unidades de negócios e agências digitais, que possuem menos pessoas trabalhando - em 2022, segundo os dados, 617 agências bancárias foram fechadas. Uma vez que a categoria bancária tem direitos garantidos e protegidos pela CCT, Vivian Machado ressalta que a atuação dos bancos caracteriza um ‘esvaziamento’ da categoria com o propósito de reduzir encargos com direitos.
Veja aqui a íntegra do levantamento do Dieese
Fonte: Sindicato dos Bancários BH e Região com Contraf-CUT