Ramon Peres: organização sindical é garantia de proteção e dignidade para trabalhadoras e trabalhadores

24/08/2023

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Ramon Peres: organização sindical é garantia de proteção e dignidade para trabalhadoras e trabalhadores

Por Ramon Peres, presidente do Sindicato

 

Mais uma vez, estamos vendo, no Brasil, a deturpação do debate sobre o sindicalismo e a representação das trabalhadoras e dos trabalhadores. Usando como pano de fundo as justas e democráticas propostas sobre o custeio dos sindicatos, grandes veículos de comunicação e outros setores empresariais, que sempre viram o movimento sindical como uma ameaça aos seus próprios interesses (e somos mesmo porque defendemos os interesses e direitos dos trabalhadores), esvaziam as discussões e contribuem para a demonização da organização trabalhista e das negociações coletivas.

O mundo está em constante mudança e os sindicatos são peças fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, que assegura direitos básicos aos cidadãos. Não podemos esquecer que foi a luta sindical que estabeleceu bases, hoje inquestionáveis, para o mundo do trabalho no Brasil. Estamos falando do salário mínimo, da jornada semanal, das férias, horas extras, décimo terceiro salário, aposentadoria, entre muitas outras conquistas que, por sinal, não existem em vários países.

Com o avanço da digitalização, a evolução da inteligência artificial e a chamada “plataformização” ou “uberização” do trabalho, com condições precarizadas, é momento sim de debater a representação sindical e a proteção a todos os trabalhadores e trabalhadoras no nosso país. Isto inclui buscar formas de custeio e fortalecimento para os sindicatos, que passem por deliberação em assembleias de sócios e não sócios das entidades. Nessas assembleias, é onde se fará o debate democrático para definição do modelo de custeio que os trabalhadores daquela categoria querem para sua organização.

No ramo financeiro, o que se vê é um esvaziamento da representação dos trabalhadores e a retirada de direitos. De 2013 a 2022, foram fechados 74 mil postos de trabalho bancário no Brasil, enquanto surgiram mais de 200 mil nas demais atividades do ramo. Isto significa que trabalhadoras e trabalhadores que realizam atividades correlatas ou idênticas às dos bancários têm salários menores e não contam com a proteção da nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Para reverter este quadro, um verdadeiro vácuo de direitos, é preciso discutir o sindicalismo no Brasil de forma séria, transparente, sem preconceitos ou banalização do debate. Todos sabemos que não há paridade de forças em negociações e acordos individuais entre patrões e empregados. A negociação coletiva e autônoma, entre empresas e trabalhadores, é a principal e mais eficaz forma de assegurar dignidade e evitar a judicialização dos conflitos.

No movimento sindical bancário, valorizamos nossa mesa única nacional de negociação, com representantes de trabalhadores de todo o país e de todos os bancos. Foi por meio desta organização que pudemos avançar. E precisamos seguir avançando, aperfeiçoando nossas entidades para enfrentar os atuais e futuros desafios, ampliando a representação e assegurando proteção para todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

 

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