Banco do Brasil é chamado à reparação histórica por envolvimento na escravidão

05/10/2023

Banco do Brasil
Banco do Brasil é chamado à reparação histórica por envolvimento na escravidão

O Banco do Brasil tem até o dia 17 de outubro para responder uma série de questões à Justiça sobre sua participação ou fomento na escravidão no país. A data foi estipulada pelo Ministério Público Federal (MPF) ao abrir um inquérito para investigar o envolvimento da instituição no maior crime contra a humanidade praticado no século 19. Historiadores calculam que, durante o período, cerca de 5 milhões de pessoas foram compulsoriamente retiradas de suas terras e comercializadas no país.

Para o Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, o banco deve reconhecer os erros do passado e garantir formas de trazer mais negros e negras em seu quadro de funcionários. “Em 2020, o movimento Black Lives Matter [Vidas Negras Importam], iniciou a derrubada de várias estátuas de personagens que se alimentavam do racismo nos Estados Unidos, e se estendeu até a Europa. Com essa ação do MPF, é preciso descortinar o processo de construção do Banco do Brasil, derrubando essas estátuas que marcaram o passado do banco, beneficiando economicamente várias pessoas com o processo de escravização no país, torturando e matando negros e negras”, avalia.

Em nota, o BB afirmou que irá responder aos questionamentos e ainda que, “como empresa que busca promover a igualdade racial (…) está à disposição do Ministério Público Federal para continuar protagonizando e envolver toda a sociedade na busca pela aceleração do processo de reparação”. O BB também destacou que mantém um grupo de discussão sobre diversidade, através do qual se reúne com movimentos representativos dentro da instituição.

Relação do BB com a escravidão

A primeira relação entre o BB e a escravidão se deu logo quando foi criado, em 1808. Na época, parte do dinheiro do banco vinha de taxas cobradas de embarcações dedicadas ao tráfico de pessoas. Outra forma de incentivo ao comércio de seres humanos era a concessão de títulos de nobreza, pelo governo imperial, a escravocratas e comerciantes ilegais que colocavam dinheiro no banco.

Os historiadores que assinaram a ação civil pública descobriram, ainda, que foram os traficantes de pessoas que financiaram o Estado, com títulos da dívida pública e capital societário nos bancos. Mais de 3 mil execuções de dívidas no Rio de Janeiro, entre 1830 e 1860, revelaram que escravizados eram utilizados como garantia de pagamento de empréstimos no BB.

Leia a matéria na íntegra na Contraf-CUT.

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

 

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