No mês dedicado à celebração da luta das mulheres, a Contraf-CUT conversou com bancárias emblemáticas sobre suas trajetórias desafiadoras, mas também de conquistas trabalhistas significativas para a categoria. As experiências contadas têm uma conclusão unânime. Direitos trabalhistas que hoje são considerados ‘naturais’ foram, na verdade, resultado de muita luta. Veja alguns trechos, no texto abaixo, ou assista aos vídeos completos no final da matéria.
“Eu entrei no banco em 1973, num dos primeiros concursos que admitiram mulheres. Antes o banco não tinha mulheres, a não ser em cargos do BB terceirizados, como telefonistas, coisas bem esporádicas né (...) O pessoal que está hoje nos bancos, em geral, pensam que esses direitos sempre existiram e não é verdade. Toda a luta que fizemos sobre auxílio creche, educação, alimentação, transporte, nada disso existia e alguns. PLR (participação nos lucros/resultados) eu nunca cheguei a receber”, contou Fernanda Carísio, funcionária aposentada do BB e primeira mulher a presidir o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e a Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), que mais tarde veio a se tornar a Contraf-CUT.
Carísio também destacou a ausência de mulheres no banco e as dificuldades enfrentadas ao assumir cargos de chefia em que tinha que delegar atividades a homens. Outro desafio era a falta de normas ou legislações que protegessem as mulheres.
À nova geração de bancárias, a trabalhadoras deixou um recado. “Precisamos de muita disposição porque ainda é uma luta muito difícil, ainda vemos dentro dos bancos muito do machismo, desses homens que não atendem ordem de mulher bancária. Temos que saber combater. Percebo muitas mulheres que ainda se submetem a essas situações porque acham que é assim e não, não é assim e não pode ser assim! E precisamos saber que lugar de mulher é em qualquer lugar onde ela queira, achar e puder estar. Vamos em frente, porque essa luta é difícil, mas é nossa”, completou.
A luta não pode parar!
A secretária da Juventude da Contraf-CUT, Bianca Garbelini, conversou com Ana Elizabete Mota, a primeira concursada a tomar posse na Agência Centro do BB, em Natal, no Rio Grande do Norte, na década de 70. Durante a entrevista, a bancária relatou como a transição geracional da carreira ajudou na sua formação como mulher. “Eu considero que a minha experiência no Banco do Brasil, uma experiência imponderável na formação da minha vida, da minha carreira, da minha consciência política, porque eu ingressei na ditadura, vivi o assédio, vivi a discriminação vivi o moralismo - sem saber que aquilo era moralismo, assédio ou discriminação, achando que era natural. (...) A minha transição geracional foi um processo muito rico na formação da ideia de ser mulher, da ideia de ser mulher trabalhadora e principalmente de saber que sozinha, sem apoio de organização, a gente não teria conquistado tanto”, declarou Mota, atualmente Doutora em Assistência Social e que também foi a primeira mulher eleita da Previ, a caixa de previdência dos Funcionários do BB.
Mota fez também um apelo às trabalhadoras da geração atual. “Hoje nós corremos outro risco que é de regressão, mas as conquistas foram muito importantes. As mulheres, vocês e tantas outras que estão na linha de frente, que estão trabalhando, vivendo maternidade, tripla jornada [de trabalho], todas conquistas elas não são desvinculadas daquilo que a gente um dia conquistou. E o movimento de mulheres tem uma força absolutamente fantástica”, ressaltou.
Veja, abaixo, as entrevistas em vídeo:
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT