Encontro Nacional do Santander debate intensificação das ações de luta e organização
22/08/2025
Santander
Delegados e delegadas de todo o país estiveram reunidos, nesta sexta-feira, 22, em São Paulo, para o Encontro Nacional dos Funcionários do Santander. Após um dia de debates, que incluiu análises de conjuntura e destaques do balanço do banco, os participantes relembraram como foram as negociações no ano passado do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) específico, com validade até 31 de agosto de 2026.
“É importante relembrarmos e destacarmos as conquistas nas cláusulas sociais e econômicas obtidas na Campanha Nacional 2024, que constam no ACT específico do Santander e garantem direitos a todos os trabalhadores do banco até o ano que vem”, ressaltou Wanessa de Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.
No encontro, também foram debatidas as atividades mobilização, organização e enfrentamento que já foram realizadas em todo o país, e as ações que ainda são necessárias. Em Belo Horizonte e região, o Sindicato vem promovendo atos, mobilização nas ruas e redes sociais, assim como audiências públicas contra o fechamento de agências e as terceirizações.
As propostas de plano de lutas debatidas nos Encontros Regionais e Estaduais foram remetidas para a COE/Santander pautar as próximas negociações.
A fraude nas contratações do Santander
O encontro iniciou com a economista e técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Vivian Machado, fazendo uma análise econômica e dos dados do Santander. Vivian ressaltou que o banco obteve, no primeiro semestre de 2025, o melhor resultado trimestral e semestral de sua história, com lucro de 6,8 milhões de euros.
Na sequência, a economista abordou a queda semestral nas despesas em geral do banco e a consequente melhora no índice de eficiência, que chegou em 36,8%, o melhor índice entre os bancos privados. “O banco alega que houve uma mudança de cultura. O Santander seria um banco que saiu do banco, em que a agência passou a ser loja, o gerente passou a especialista e a receita a comissão”, afirmou.
Para finalizar, a economista listou os impactos dessa transferência de trabalhadores promovida pelo banco. “Para os trabalhadores, há precarização nas relações de trabalho, menores remunerações, flexibilização e fragmentação da categoria e prática antissindical que infringe a liberdade sindical e a proteção ao Direito Sindical. Já para a sociedade, há redução do efeito multiplicador da renda, com impacto no consumo e na economia local, e queda na arrecadação do Imposto de Renda, do Fundo de Garantia (FGTS) e no INSS”, encerrou.
Os impactos da IA no sistema financeiro
O segundo debate foi realizado pelo cientista político e professor da Faculdade 28 de Agosto, Moisés Marques, que fez uma análise de conjuntura com o tema “o mundo de ‘ponta cabeça’ e as consequências para o Sistema Financeiro Nacional (SFN)”. Ela apontou, que o que se tem visto, ao longo dos anos, é uma drástica redução do número de bancos e o aparecimento dos bancos digitais e das fintechs. “Que são empresas que se dizem bancos, mas não são. Que atuam como se fossem banco e têm tamanho de banco”, ironizou. “Ou seja, as fintechs passaram a ser parte do sistema. Hoje são 1.481 instituições com 100 mil funcionários. Além disso, são empresas que tornaram os processos altamente tecnológicos, sem a necessidade de pessoas”, acrescentou.
O professor também apresentou resultados de pesquisas que mostram o que os bancos querem com a IA, destacando desde a reformulação do setor bancário, a melhora na gestão dos riscos operacionais, a redução dos custos, até o fim dos postos de trabalho.
Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT