Painel da Conferência discute as consequências da reconfiguração do ramo financeiro
23/08/2025
Notícias
O segundo dia de debates da 27ª Conferência Nacional dos Bancários foi finalizado com uma mesa sobre as novas tecnologias, reestruturações e as transformações do ramo financeiro. As economistas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Vivian Machado e Rosângela Vieira apresentaram um panorama geral sobre o setor financeiro no último ano.
Vivian Machado destacou as recentes mudanças nas transações bancárias, com um crescimento daquelas realizadas pelos canais digitais. Em 2024, 82% das transações foram feitas de modo digital. Também houve um maior uso do PIX, com aumento de 69% de 2023 para 2024.
Além disso, a economista realizou uma contextualização sobre a inserção das novas tecnologias no setor bancário. Ela explicou que 8 em cada 10 bancos já têm investido na Inteligência Artificial (IA) generativa, seja no atendimento aos clientes, no desenvolvimento de aplicações e no backoffice. “Diante de tantas mudanças, é preciso pensar na requalificação dos trabalhadores, a fim de que seus empregos sejam mantidos”, afirmou.
Reconfiguração do ramo financeiro
Diante das mudanças impostas pela inserção das novas tecnologias no ramo financeiro, Rosângela Vieira dos Santos realizou uma análise sobre os impactos no emprego. “Dentro dessa reconfiguração do ramo financeiro, vemos cada vez menos bancários. Há uma fragmentação da categoria, pois, diante das terceirizações e da pejotização, há uma pulverização dos trabalhadores”, lembrou.
Rosângela destacou um crescimento das cooperativas, principalmente nas cidades do interior. Além disso, como um objetivo para maximização do lucro, houve um aumento dos trabalhadores que atuam como operadores de crédito, cenário que contribui para a precarização do trabalho. Ela lembrou que os trabalhadores não bancários têm: remuneração média menor, maiores jornadas de trabalho e menos direitos.
Na mesa, também foi abordada a fraude nas terceirizações do Santander, tema que tem sido debatido regularmente pelo Sindicato, inclusive, em audiências públicas realizadas na Câmara Municipal de Belo Horizonte, em julho, e na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, no dia 19 agosto. “Estamos vendo uma mudança de cultura no Santander. Os gerentes se tornaram ‘especialistas’, as agências se tornaram ‘lojas’ e a receita se tornou ‘comissão’. Essas são alterações que afetam toda a sociedade”, lembrou.
Por fim, as economistas realizaram uma síntese com os principais impactos destas transformações no ramo financeiro para os trabalhadores e para a sociedade:
- Exclusão digital financeira
- Terceirização e pejotização reduzem as contribuições ao INSS e FGTS
- Perda de arrecadação tributária
- Aumento da desigualdade de acesso a direitos, como previdência, crédito e proteção trabalhista
- Ampliação da disparidade de gênero e raça