Bancos brasileiros ignoram necessidades da população, enquanto experiência nos EUA aponta caminho contrário
26/08/2025
Notícias
Por Ramon Peres, presidente do Sindicato
Nos últimos anos, os maiores bancos que atuam no Brasil têm intensificado o fechamento de agências como estratégia de redução de custos, medida que tem gerado desemprego e trazido grandes prejuízos à população. Em contrapartida, bancos norte-americanos têm seguido na direção oposta. Em julho deste ano, por exemplo, o banco nova-iorquino JPMorgan inaugurou sua milésima agência, dando continuidade a um movimento de expansão física iniciado em 2018.
Entre 2024 e 2025, os três maiores bancos privados que atuam no Brasil fecharam centenas de unidades bancárias. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Bradesco encerrou 342 agências, o Itaú 223 e o Santander 561 unidades de atendimento. São números alarmantes e que demonstram o desrespeito dos bancos com a população brasileira.
O fechamento de agências bancárias gera diversos prejuízos à sociedade, afetando o dia a dia da população e a economia. Muitos clientes são obrigados a percorrer longas distâncias para ter acesso ao atendimento presencial e enfrentam filas cada vez maiores. Já os trabalhadores das unidades remanescentes ficam sobrecarregados, o que compromete diretamente a qualidade do serviço prestado e contribui para o adoecimento mental da categoria. Além disso, pequenos comerciantes também são afetados, perdendo a circulação de clientes que as agências costumavam gerar.
Em contrapartida, o posicionamento do banco JPMorgan demonstra que investir na abertura de agências traz bons resultados. Apesar do crescimento das transações digitais, percebemos que os clientes ainda preferem visitar agências para abertura de contas e para efetuar movimentações de risco. Além disso, as unidades físicas passam maior confiança e servem como uma vitrine de divulgação da instituição.
Uma matéria publicada pelo Bloomberg Linea, veículo especializado em questões financeiras, destacou que o JPMorgan já ultrapassou o Bank of America e o Wells Fargo em participação de mercado de depósitos de varejo nos Estados Unidos. Isso demonstra que investir na expansão da rede física pode ser uma boa alternativa para o futuro.
Diante do aumento do fechamento de agências no Brasil, o Sindicato tem atuado para cobrar que os bancos tenham mais responsabilidade com a população e cumpram seu papel social. Na última semana, por exemplo, realizamos uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para cobrar que o banco Santander pare com as práticas abusivas no fechamento de agências e terceirizações.
Seguimos atentos e vigilantes, defendendo condições dignas de trabalho para a categoria e qualidade no atendimento prestado à população.