Encontro Nacional dos Funcionários do Itaú-Unibanco debate conjuntura, tecnologia e desafios da categoria

22/08/2025

Itaú
Encontro Nacional dos Funcionários do Itaú-Unibanco debate conjuntura, tecnologia e desafios da categoria

O Hotel Holiday Inn Parque Anhembi, em São Paulo, recebeu nesta sexta-feira, 22, o Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Itaú-Unibanco. O evento reuniu representantes de diversas regiões do Brasil para debater temas estratégicos, como o cenário político e econômico, os impactos da inteligência artificial na atividade bancária e questões relacionadas à saúde e às condições de trabalho.

A abertura foi conduzida pela Coordenação da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú-Unibanco e por integrantes do Comando Nacional dos Bancários, que ressaltaram a importância da unidade e da organização da categoria diante dos desafios atuais.

Os debates destacaram que é importante que a tecnologia esteja a serviço da sociedade, e não para acabar com os empregos e os direitos. Delegadas e delegados também destacaram a importância de defender a soberania nacional em um momento de disputas de poder internacional que afetam, diretamente, o futuro do país.

Ao longo do encontro, dirigentes ressaltaram que os bancos têm tentado fragmentar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) para concorrer com fintechs, e que será necessário ampliar a mobilização para preservar conquistas históricas da categoria.

Impactos da tecnologia

Na sequência, o encontro contou com a participação de Cátia Uehara, economista e técnica da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) junto ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, que apresentou a palestra “Inteligência Artificial e o Banco Itaú-Unibanco – impactos na Atividade Bancária”.

Ela explicou que a reconfiguração do setor rumo à digitalização impactou fortemente o emprego. O Itaú chegou a ter 104 mil trabalhadores em 2009, mas em junho de 2025 o quadro era de 85,7 mil. Além disso, dados apontam que, em 1994, os bancários representavam 80% dos empregos do setor financeiro; em 2024, a participação caiu para 42%.

Painel de Saúde expõe práticas abusivas de gestão no Itaú

No período da tarde, o encontro contou com o Painel Saúde e Condições de Trabalho, conduzido por Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT. A apresentação trouxe à tona dados preocupantes sobre as práticas de gestão do Itaú-Unibanco, que configuram um verdadeiro “mecanismo adoecedor”, marcado por vigilância excessiva, cobrança abusiva e impactos diretos na saúde mental e física dos bancários.

Um dos exemplos mais emblemáticos é o Programa GERA, que funciona como um sistema permanente de monitoramento e ranking de desempenho.

Como encaminhamento, foram apontadas ações sindicais fundamentais, entre elas: denunciar formalmente ao Ministério Público do Trabalho e à Auditoria Fiscal do Trabalho; reivindicar auditoria externa sobre os dados captados pelos sistemas digitais do banco; negociar a readequação do Programa GERA e limites ao uso das plataformas de monitoramento; realizar campanhas de mobilização, reforçando que “Não somos robôs. Conectar não é se submeter”.

A coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde do Itaú, Luciana Duarte, que é diretora do Sindicato, fez um apanhado das negociações do último ano e da mesa de saúde dos trabalhadores entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban no período.

Reivindicações específicas

Antes de encerrar, os participantes também debateram a pauta de reivindicações específicas, que deverá orientar as próximas mesas de negociação.

Para a coordenadora da COE Itaú-Unibanco, Maria Izabel Cavalcanti Menezes, a reflexão sobre o papel da tecnologia foi central. “É importante conhecer as novas inovações tecnológicas, mas elas precisam vir para melhorar o serviço, como ferramenta de auxílio, e não para substituir o trabalhador. Esse é o grande nó. Queremos uma transição justa para o modelo de inteligência artificial, que garanta o emprego bancário, respeite o meio ambiente e assegure trabalho decente, permitindo que os trabalhadores se beneficiem dos ganhos de produtividade”, destacou.

Segundo a dirigente, é fundamental construir propostas que fortaleçam a luta nacional contra os ataques do Itaú, como o fechamento de agências, as demissões, as metas abusivas, a sobrecarga de trabalho e o adoecimento da categoria.

 

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de BH e Região com Contraf-CUT

 

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