Conferência Nacional: historiador denuncia normalização do absurdo e destaca urgência de defender a soberania

23/08/2025

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Conferência Nacional: historiador denuncia normalização do absurdo e destaca urgência de defender a soberania

A primeira mesa da Conferência Nacional dos Bancários recebeu, neste sábado, 23, o escritor, historiador e professor João Cezar de Castro Rocha, que falou a delegadas e delegados sobre a ascensão da extrema-direita e os riscos à soberania nacional. O evento está ocorrendo em São Paulo e prossegue até este domingo, 24 de agosto.

Para o professor, todo o Estado brasileiro foi montado como uma estrutura de manutenção de privilégios, com perversidade, em que ricos não pagam imposto proporcionalmente e se beneficiam inclusive do sistema judiciário. “A estrutura judicial com quatro instâncias recursais privilegia os ricos. Quem não tem dinheiro, não consegue arcar com os custos de chegar à última instância. Já quem tem poder consegue protelar o processo até a sua prescrição”, explicou.

João Cezar destacou que apenas uma instância foi criada e pensada para proteger a classe trabalhadora no Brasil, que foi a Justiça do Trabalho. “E é justamente esta Justiça que tem sido desmontada desde 2016, vem sendo desmontada tijolo a tijolo. Além disso, em relação à única organização pensada para nos defender, que são os sindicatos, tudo que foi feito, desde o governo Temer, foi feito para que sejam menos importantes e representativos”, denunciou.

O professor comparou o cenário político a vilões de Shakespeare para explicar que, se antes os adversários dos trabalhadores agiam pela dissimulação, hoje, a extrema-direita se ancora na guerra cultural para forjar inimigos imaginários, causar pânico moral e alimentar a retórica do ódio. Segundo João Cezar, a extrema-direita avança não mais por meio de tanques e armas, mas conquistando corações e mentes sobretudo dos mais jovens. 

Neste cenário de normalização do absurdo, o historiador destacou que há dois pontos que devem ser sempre denunciados: o crescimento no número de parlamentares que traem a pátria abertamente e a tentativa de submeter o Brasil, um país crucial para a expansão da extrema-direita por seu tamanho, riquezas e potencial.

No Brasil, esta força se mobiliza, agora, para ocupar o Senado Federal, o que permitirá também aparelhar o poder judiciário. “Não se trata apenas de concentrar nossa energia na eleição presidencial, precisamos estar focados no Senado e que o ego não seja mais importante que o projeto”, afirmou, destacando que a retórica do ódio não coloca comida no prato nem leva a melhores condições de vida.

 

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